A Leishmaniose em cães é uma doença endêmica que, nos casos mais graves, pode ser fatal - e por muito tempo ser contagiado era uma sentença. Mas muita coisa mudou. Vamos entender melhor como funciona esta doença e o que podemos fazer sobre ela:
O que é?
A Leishmaniose é um tipo de doença infecciosa, porém não contagiosa, de evolução longa, podendo durar alguns meses ou até ultrapassar o período de um ano.
É considerada uma "antropoonoze", ou seja, doença que acomete animais silvestres, cães não vacinados e o homem.
É causada por parasitas (protozoários) que vivem e se multiplicam no interior das células que fazem parte do sistema de defesa do indivíduo. Sua transmissão se dá por meio da picada do mosquito-palha que, a pesar do nome, é uma pequena mosca hematófaga (se alimenta de sangue), que mede de 2 a 3 milímetros, tem hábitos noturnos e é dona de uma picada dolorosa.
Como identificar?
Há dois tipos de leishmaniose: a cutânea e a visceral, causados por parasitas distintos e com sintomas distintos. Mas quando o assunto é cachorro, a grande maioria dos casos é de leishmaniose visceral - que ataca órgãos internos. Cada lugar agredido pelo parasita trará uma consequência correspondente, a depender dos órgãos afetados: rins, fígado, sistema digestivo, medula óssea, etc. Estes são alguns sintomas comuns da leishmaniose canina:
Problemas dermatológicos:
- Lesões e feridas que não saram
- Descamação e coloração branca prateada na pele
- Infecção nas patas (pododermatite)
- Excesso de produção da queratina (hiperqueratose)
- Unhas espessas e em formato de garras (onicogrifose)
- Feridas nas orelhas
Problemas oculares:
- Secreção persistente
- Piscadas excessivas
- Incômodo nos olhos
Problemas gástricos ou na excreção:
- Perda de apetite
- Desidratação
- Vômito
- Diarréia e sangramento nas fezes
- Irregularidade no trato urinário
Mas, apesar da leishmaniose visceral canina apresentar tantos sintomas, a maioria das contaminações é assintomática. Por isso, além da observação clínica do veterinário durante a consulta, existem formas laboratoriais de diagnóstico de leishmaniose canina, como exame histopatológico (com biópsia de tecido) ou citológico (coleta via agulha), ou sorologia (exame de sangue). Infelizmente todos os exames têm margens de erro, o que torna seu diagnóstico complexo.
Como tratar?
Não existe cura total. Mas desde 2016 existe medicação, regulamentada pelo Ministério da Saúde, para promover uma cura clínica e epidemiológica. Ou seja, diminuir a carga de parasitas a ponto de curar os sintomas e evitar que o cão seja um hospedeiro fonte de transmissão.
Como o parasita segue vivendo no cachorro, é necessário o acompanhamento veterinário ao longo da vida, para exames de controle e eventual reforço do tratamento. Além disso, os danos causados nos órgãos também podem ser tratados com medicações específicas.
Por isso, para todas as espécies, humanos ou animais, a prevenção é o mais indicado.
Como prevenir?
É uma questão de saúde pública, com origens e implicações mais amplas, mas é possível adotar práticas preventivas em casa:
- Vacina: Não existe vacina para humanos, mas existe vacina para cães! Pode ser ministrada a partir de 4 meses de idade, aplicada em 3 doses e com repetição anual. Somente cachorros soro negativo (que não têm o parasita) podem ser vacinados.
- Limpeza: Higienização da casa e arredores pode evitar a proliferação dos insetos vetores da doença, que gostam de espaços escuros, úmidos e ricos em matéria orgânica.
- Tela de proteção: Para mantê-los afastados do ambiente interno. Por ser um inseto muito pequeno, é preciso ter telas com tramas muito bem fechadas.
- Repelentes e inseticidas: Soluções de uso tópico, ou pro ambiente (opções seguras para pets e humanos), ou no formato de coleiras repelentes.
- Preservação do meio ambiente: O desmatamento e urbanização desequilibram os sistemas e promovem a proliferação dos insetos vetores.